Graça e Paz.
Deus, na sua infinita majestade e poder, glória e honra, onipotência, onipresença e onisciência desejou uma companhia, sonhou, planejou e arquitetou um ser. Um ser que seria seu amigo, seu companheiro, sua obra prima, sua arte valorosa, sua música composta, como um Pai deseja ter um filho. Colocou dentro desse ser uma natureza espiritual, assim como a Sua (Gn 1.26), e uma natureza carnal, e nessa natureza espiritual Ele seria o ar, a água, a luz, o guia, o combustível, o alicerce, a razão, o amor. Depois da Queda (Gn 3), tudo mudou e o homem buscou com as suas próprias escolhas ser feliz, ser dono de si mesmo, ser “livre”.
Isso nos faz lembrar uma parábola encontrada no livro de Lucas 15.11-32. Deus traça o perfil de dois filhos de um Pai amoroso e piedoso. O primeiro filho, o mais moço, inocente, inexperiente, precoce, “infantil”, traz o perfil do filho aventureiro, dono do seu destino, dos seus sonhos e ambições, libertino, sem tradição, respeito, responsabilidade e dignidade. Um filho que ambicionou um sonho de prazeres carnais e mundanos, que decidiu deletar da sua vida a sua família, seu pai, dando por “morto”, desejando assim a sua parte da herança (Jr. 17.9,10). O Pai então repartiu os seus bens que cabia a ele, e o deixou seguir rumo a um horizonte sem misericórdia (Lc 15.12). E sobre esse filho que quero refletir.
Passados não muitos dias esse moço partiu, se distanciou (Is 59.2) da sua família verdadeira, do seu amado Pai e dissipou todos os seus bens talvez com os seus “amigos”, mulheres, festas, levando na sua mala uma vida dissoluta, cega, renegada (Lc 15.13). Após se fartar de todos os bens que o seu Pai tinha lhe dado por herança, sobreveio naquele país uma grande escassez, e ele começou a passar necessidade (v.14). Pela miséria, o “filho de um Pai rico”, teve que experimentar o que nunca talvez tivesse feito ou devido fazer, cuidar de porcos. A humilhação era tamanha que não lhe davam comida, a ponto de desejar a comida dos porcos para saciar a sua fome (v.15,16).
Então, após esse sofrimento e humilhação, o moço refletiu e perguntou a si mesmo: “Quantos trabalhadores de meu Pai têm pão com fartura, e eu aqui morro de fome!” (v. 17). Quão interessante é esse momento na vida desse rapaz, quando ele, caindo em si, em um momento de sofrimento e pensamento, percebe que na casa do Pai tudo era melhor. O arrependimento estava à porta desse coração aflito, perdido e preso entre correntes de sua própria ambição e imoralidade.
Após esse momento, o rapaz toma uma decisão que mudaria o curso da sua vida, que poderia ser um alívio para a sua dor. O jovem rapaz pôde por um momento ter consciência que conquistar os seus sonhos mundanos, seus prazeres carnais, suas vontades egoístas e imorais não faria dele uma pessoa feliz e realizada, e sim um jovem solitário, humilhado, desprezado, insatisfeito, magoado, sem paz, amor, carinho, destino, esperança, distante do Pai e de sua “verdadeira casa”. O tratamento que ele recebia era tão humilhante que ele preferia voltar para a casa do Pai, nem que seja como “trabalhador”, com direito de pelo menos ser chamado de servo, escravo. (v.19).
A declaração desse moço (v.18) traz a nós um aspecto muito importante nesse momento de contrição. Primeiro, ele iria levantar-se, ir em direção ao Pai, e lhe chamar pelo seu nome “Pai,” porque ainda te considero como tal, “pequei contra o céu”... contra Deus, contra os ensinamentos que você me deu sobre nosso Deus, Sua Lei, santidade e devoção, “e diante de ti”, diante dos seus olhos, contra nossos valores, nossa família, contra sua dignidade. Esse era o desejo desse jovem rapaz agora. Após esse momento de arrependimento e meditação, levantando-se partiu em direção a casa do Pai em busca da conciliação, do perdão (v.20).
Vinha ele de longe, o quando o Pai o avistou, e, compadecido dele, correndo em sua direção, o abraçou e o beijou (v.20). Talvez pudesse ter passado em sua mente como seria aquele momento, se o Pai o receberia ou se o desprezaria como ele tinha feito com ele ao abandoná-lo. Pensava ele que não merecia ser tratado bem ou, simplesmente, ser chamado novamente de “filho”, e recebesse o tratamento como tal (v.19). De uma forma carinhosa, e de amor verdadeiro, amor ágape, o Pai o recebeu com emoção, como se estivesse ganhando um novo filho após o parto, um (re)nascimento de um filho perdido (Jr 29.11).
Certamente, após uma conversa cheia de emoção, choro, perdão, o Pai pede aos teus servos a melhor roupa (o Espírito Santo), para vesti-lo, um anel no dedo (aliança) e sandálias nos pés (descanso, paz, destino); e ainda um novilho cevado (Jesus) para uma ceia (Lc 15.22,23 – Is 1.19). Tudo isso porque o esse jovem rapaz estava morto (conseqüência de uma vida de pecado e libertinagem, de imoralidade e imaturidade) e agora reviveu (nasceu novamente, espiritualmente). Estava perdido (em seus sonhos egoístas e desejos carnais) e foi achado (se humilhou, arrependeu-se e se fez achado pelo Pai, foi em busca da restauração e conciliação, de volta ao caminho da luz, da claridade, da santidade). (v.24)
Que esse texto seja instrumento nas mãos de Jesus para penetrar na sua alma, através do Espírito Santo, e dizer ao teu coração que Ele está de braços abertos para te receber independente de como você esteja hoje, Ele quer te (re)encontrar, como no início, quando ele te projetou para viver ao Seu lado, quando ainda era uma substância uniforme (Jr 1.5), Ele te criou, planejou cada detalhe, sua personalidade, seu destino. Ele te conhece melhor do que todos poderão te conhecer um dia, melhor do que a ti mesmo. Receba o melhor de Deus.
Faça como o filho pródigo, medite, reflita, arrependa-se, levante-se, vá em direção à Deus, diga a Ele o quando você deseja estar com Ele, fazer Dele morada, peça perdão, vista o Espírito Santo (Rm 8.14), coloque o anel, faça uma aliança com Deus, receba a palavra de Deus na sua vida, confesse Jesus Cristo como seu salvador, o verdadeiro alimento espiritual (Jo 6.35), e regozije-se, alegre-se e venha cear com Ele!
Amém!
John Anders
Shalon Adonai
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